Luiz Gama é personagem singular. Fruto do romance de um fidalgo com uma africana, nasceu como homem livre, em Salvador, em 1832. Aos 10 anos foi vendido como escravo pelo pai, chegando nessa condição à até então pacata São Paulo. Contrariando seu destino, logo se tornaria um dos homens mais conhecidos da cidade. Saudado anos depois como grande líder abolicionista, seu nome era reconhecido e admirado tanto entre negros, escravizados ou livres, quanto entre os doutores da Academia de Direito de São Paulo. Luiz Gama aparece aqui como um enigma a ser decifrado. Movendo-se em uma sociedade marcada por redes de dependência e por uma rígida hierarquização social, ilumina com sua experiência um vasto campo de possibilidades de atuação para sujeitos que foram, por muito tempo, considerados vítimas passivas da escravidão. Entender como um ex-escravo construiu seus caminhos, conquistando tanto prestígio até morrer consagrado em 1882, é o objetivo deste trabalho. Nascida em Socorro em 1973,

Elciene Rizzato Azevedo é doutora em história social pela Unicamp, onde desenvolve atualmente projeto de pós-doutoramento junto ao Centro de Pesquisa em História Social da Cultura (Cecult). Seus trabalhos são voltados principalmente à compreensão do sentido político da ação de escravos, advogados e juízes que atuaram nos tribunais paulistas pela abolição da escravidão.

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